Oferta e demanda, essa é a relação que permeia inúmeros negócios e não seria diferente com o mercado das notícias. Se tratando de audiência é muito importante ter em mente o tipo de público que consome o seu conteúdo, onde ele vive e principalmente, o que ele quer ver na televisão. No telejornalismo, existem diversos tipos de conteúdos e produções jornalísticas, e as pessoas escolhem e se identificam, essa corrida acontece nas principais emissoras, sem entender seu público, você não entende a sua demanda.
Tendo em vista o Jornalismo policial, uma análise sobre essa relação entre público e emissora se faz essencial. Emissoras como Record e SBT se destacam se tratando desse estilo. Abordagens policiais, apreensão de drogas, violência, exibição de cadáveres fazem parte da rotina dessas produções, mesmo que de forma consciente, infrinjam direitos dos indivíduos envolvidos nas transmissões.
Concomitantemente, em busca de audiência e arrecadação publicitária a curto prazo, emissoras baianas apostaram em programas jornalísticos de perfis policialescos, com enfoque sobre a violência e o crime em suas grades de programação. Percebeu-se, então, que os programas violavam diária e sistematicamente direitos de vários segmentos sociais, o que motivou, em 2008, uma denúncia junto ao Ministério Público da Bahia, resultando na assinatura de um Termo de Ajustamento de Conduta (TAC) pactuado entre as emissoras e movimentos sociais.(FERREIRA, 2014, p 1.)
Como mencionado anteriormente, a busca por altos números de audiência, resulta na exploração dos indivíduos. A permanência desse tipo de conteúdo, se dá especialmente pelo consumo massivo, do público popular, que representa maioria se tratando dos consumidores dessas produções, mas outro tipo de relação também aparece fortemente nesses programas, a publicidade. O jornalismo policial tem patrocinador, e quem fortifica esse estilo jornalístico, não quer que ele acabe, porque sabe que ele vende.
A entrada de merchans e chamadas publicitárias no decorrer do programa, não acontece por acaso, geralmente elas aparecem em momentos estratégicos onde a audiência está maior. O que por vez, se torna comum, interrupções em momentos críticos e cortes para propagandas coloridas, com locutores falando alto e sobre produtos que pouco conversam com o estilo do jornal.
Ademais, outro padrão possível de ser notado, é a narrativa, criada pelo próprio programa. Através dessa narração é criado o sentimento de tensão, raiva, medo e comoção. Nesse momento, é deturpada a função do profissional jornalista, de simplesmente contar o acontecimento com base em apurações, fatos e na lei. É aqui, onde é assumido o papel de justiceiro e de juiz.
Desse modo, nos deparamos em uma via de mão dupla. Se o jornal precisa de audiência e patrocínio, e ao mesmo tempo também precisa de uma narrativa que perpetua estereótipos, as pessoas que consomem são as mesmas que são vítimas do produto entregue pelo jornal. A audiência alimenta a massividade dos conteúdos produzidos pelo jornalismo policial e explora pessoas estrategicamente.
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